sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Tarefa de Casa

Leila Santo Antônio

Corrigir provas, pesquisar, preparar as próximas aulas ... são várias atividades profissionais que o professor desenvolve em casa. Certo, de um lado você não tem 30 alunos disputando sua atenção, não tem que ouvir aquele colega contar a mesma piada sem graça pela décima vez (e ainda por cima ele termina com um cutucão. Entendeu? Entendeu?).

Por outro lado, você enfrenta telefonemas dos amigos, o bolo de chocolate que uma criança estava comendo acaba em cima de trabalhos de seus alunos, lista de supermercado se misturam com o diário de classe ... veja como evitar esses problemas:

1) Tenha um espaço fixo para trabalhar
Se você tem um quarto sobrando em casa, parece óbvio transformá-lo em um escritório. Só que, todo dia, você chega do colégio, leva as provas para a mesa da cozinha, e fica lá, fazendo seu serviço. Não há nada de errado nisso. Antes de pensar em usar aquele cantinho vago da sua casa para fazer um escritório, pense em qual lugar da casa você se sente mais à vontade para trabalhar, e monte seu quartel-general ali.

2) Não exagere
Seu escritório não deve rivalizar em luxo e decoração aqueles que aparecem nas empresas das novelas, ou com o do diretor geral de sua escola. A palavra chave deve ser praticidade. Pense em um escritório, o que vêm à sua mente? Uma mesa simples e fácil de limpar, uma pequena estante para guardar livros e papéis, uma cadeira confortável. Bem, em casa você pode até dispensar esses itens. Se trabalhar na sala ou cozinha, a mesa e a cadeira já estão ali, e seus livros e anotações podem ir se acomodando entre o barzinho, toalhas e o jogo de pratos que só é usado no Natal e Ano Novo, sem problemas. Mas você não pode prescindir de dois itens. Um cesto de lixo e um monte de tomadas, inclusive de telefone. A simples presença do cesto, ali, ao seu lado, irá evitar que você guarde muitas coisas inúteis. E as tomadas são importantes para equipamentos de informática que, cedo ou tarde, você irá usar.

3) Computador
Se precisar comprar um móvel para o computador, dê preferência aos verticais (em que o teclado, CPU, impressora ficam um embaixo do outro), você economizará espaço.

4) Pense à frente
Aquele cantinho que você arranjou parece ótimo agora, mas considere que, em pouco tempo, você terá muito mais livros e materiais de pesquisa disputando espaço com provas, computador, telefone. O celular toca, e agora, para achar? Revira-se papéis, bagunça-se a já precária ordem daquele espaço. Quando for montar seu cantinho de trabalho, procure pensar em suas necessidades para dali a um ano. Isso evitará aborrecimentos futuros.

5) Organize seu horário de trabalho
Quando você tem uma tarefa para fazer em casa, é muito fácil deixá-la para depois da novela, trabalhar noite adentro, distrair-se. Lógico, você não pode ficar o tempo inteiro em cima das folhas de papel almaço. Mas é muito fácil envolver-se com problemas domésticos (incluindo apartar uma briga por uma figurinha do Pikachu), e deixar o trabalho de lado. Desenvolva a sua disciplina, reavalie o que você está fazendo (ou, no caso, o que você não está fazendo). Tenha um horário fixo para trabalhos domésticos, estipulando horários rígidos para começar a parar. Sua família e amigos logo se acostumarão com isso, e as interrupções diminuirão durante esse período. Planeje suas tarefas, veja o que é mais importante resolver primeiro, quais tarefas são mais rápidas, entre outras particularidades aluna sai da escola para se casar com alguém que ela viu poucas vezes na vida, o que acontece em certas religiões.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Música na sala

Faça uma pesquisa rápida entre seus colegas, professor: Quantos ouvem música enquanto trabalham em casa, corrigindo provas, por exemplo? A grande maioria, com certeza. Talvez até mesmo você tenha esse hábito. Ora, você está lendo uma matéria escrita em parte ao som de Martinho da Vila.

Seus alunos também fazem suas lições, em seus quartos, com um CD ou rádio ligado ao lado. Alguns professores e pais de alunos reclamam desse hábito. Mas se é algo que normalmente fazemos, é difícil proibir ou botar a culpa do baixo rendimento escolar no Sepultura, Britney Spears ou Spice Girls.

Vantagens em alto e bom som - O uso correto da música pode bons resultados em sua sala de aula. Tanto pode ajudar na concentração como no relaxamento de seus discípulos.

Por exemplo, você acha que as salas de operação são silenciosas como nos filmes? A maioria dos cirurgiões tem suas músicas e artistas preferidos que são colocados para tocar durante todo o procedimento. Com isso, eles conseguem evitar que a mente divague e se concentram mais naquele trabalho.

Outras vantagens foram descobertas pelo psicoterapeuta búlgaro Georgi Losanov. Na década de 70, ele descobriu que a música barroca incentivava o lado direito do cérebro e a absorção de conhecimentos.

A partir desse estudo, os alemães orientais desenvolveram um método em que canções barrocas eram usadas como fundo em treinamentos. Dessa maneira, eles afirmavam estimular o lado direito do cérebro e acelerar a prendizagem. Ao mesmo tempo, os sons harmoniosos fazem com que as pessoas se divirtam, aprendendo naturalmente, sem pressões.

Você também pode usar todas as vantagens da música em sua sala de aula, utilizando-a de diversas maneiras. Ela pode assumir o papel de prêmio para uma classe participativa e disciplinada e até ser o ponto de partida de sua aula.

Música de fundo - Está cada vez mais difícil perceber se os alunos levam ou não um rádio para sala de aula. Eles estão cada vez menores. E a ameaça não vem só dos pequenos receptores. A Internet nos trouxe o formato de música MP3, que pode ser gravada diretamente em chips, dispensando fitas e CD´s. Foi o bastante para que uma empresa japonesa desenvolvesse um relógio de pulso com um toca-MP3 embutido. Ou seja, seus alunos podem levar a música preferida para a sala de aula dentro do relógio.

Como proibir está cada vez mais complicado, a saída é usar a música como um atrativo para sua aula.

É simples: consiga um aparelho de som portátil e peça para seus alunos se responsabilizarem pelas fitas ou CD´s. A seguir, exponha as regras para a turma:

- O som será ligado apenas durante a resolução de exercícios, discussões em grupo e atividades similares. Nunca durante as explanações do professor. Dessa maneira, você evita distrações durante o aprendizado.

- Não permita nenhum preconceito com relação a gêneros musicais, nem a predominância de um só estilo de música. Imponha limites, como: "Não, essa semana já ouvimos rock demais. Alguém tem um CD diferente?" Se for necessário, leve você alguns CD´s para a sala. Dessa maneira, você os estará auxiliando a descobrir outros estilos e compositores os quais, de outra forma, não teriam acesso.

- Deixe absolutamente claro: nas aulas em que houver algum problema (indisciplina, desinteresse, conversas paralelas e outros), a música estará suspensa.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A educação em debate através dos blogs

Tecnologias podem ser aliadas para a melhoria da educação

Em recente entrevista ao jornal "Folha do Dia", fui questionado quanto à violência nas escolas contra os professores e também acerca do uso de blogs na educação no Brasil. No caso da primeira temática, o interesse era ampliar o debate acerca de uma questão bastante delicada e que tem sido alvo crescente de matérias publicadas pela imprensa. O ano de 2007 foi marcado por várias notícias sobre agressões praticadas contra os professores durante o seu expediente de trabalho e até mesmo fora dele.

O questionamento quanto aos blogs (diários virtuais eletrônicos produzido por milhões de pessoas ao redor do mundo todo) surgiu em virtude da pesquisa que estou realizando e que pretendo concluir no presente ano de 2008 para o meu doutorado na PUC-SP. Quando fui inquirido pela repórter já havia criado 3 blogs para captar informações para esse trabalho. Hoje, ainda como parte de minha experimentação, foram produzidos mais 10 blogs e ainda criei uma plataforma através da qual os internautas interessados em educação podem ter acesso a esses materiais. Esse "canal" de acesso aos meus blogs educacionais é um site particular e chama-se Observatório da Educação (http://www.observatoriodaeducacao.com/).

No editorial dessa semana reproduzo os tópicos abordados na entrevista, conduzida pela jornalista Samanta Leandro. Seguem abaixo as questões e as respostas completas dadas ao jornal "Folha do Dia".

Folha do Dia - Como surgiu a idéia de criar um blog que fala sobre educação?
João Luís - Fiz uma palestra sobre o uso das novas tecnologias em educação para os professores da rede municipal de um grande município do interior de São Paulo, a cidade de Bauru. Todas as vezes que faço essas apresentações fico com a grata e sincera impressão de que os professores querem saber mais, aprender o que puderem sobre o assunto e realmente incorporar esses recursos ao seu cotidiano. Mas o dia a dia é opressor e, em virtude dessa particularidade, muitos deles acabam simplesmente voltando às práticas que sempre adotaram por falta de maior incentivo e também de novas informações (trocas de idéias) com quem já utiliza essas ferramentas. O blog foi a saída encontrada para podermos continuar em contato, aprofundando os saberes, introduzindo novas idéias, ajudando no caso de dúvidas ... Além disso, estou estudando blogs em educação para a minha tese de doutorado na PUC-SP.

Folha do Dia - Por que o blog recebe este nome "Escolhendo a pílula vermelha"?
João Luís - O nome relaciona-se ao título da palestra que ministrei naquela cidade e que tem como fator de motivação o filme "Matrix", a respeito do qual já produzi algo para o Planeta Educação (http://www.planetaeducacao.com.br/), portal onde sou articulista e editor. A produção cinematográfica em questão é baseada na Alegoria da Caverna do pensador grego Platão e tenta incitar as pessoas a saírem do marasmo, a refletirem sobre o seu cotidiano, a não aceitarem passivamente o que lhes é imposto ...

Folha do Dia - Você já passou por algum tipo de violência dentro da sala de aula?
João Luís - Felizmente nunca. Já presenciei alunos se agredindo e tive que interceder, mas pessoalmente nunca fui alvo de qualquer agressão. No caso dos alunos que se agrediram, procurei contar com o auxílio dos outros estudantes presentes para separar as moças que estavam se atracando (era uma turma de EJA - Educação de Jovens e Adultos) e acionei a direção para que as mediudas necessárias fossem tomadas pela coordenação e pela direção da escola.

Folha do Dia - Em algum momento de sua carreira como educador já questionou sua escolha?
João Luís - Sim. Antes de responder a pergunta gostaria de dizer que sou muito feliz e que a escolha que fiz foi consciente e em primeira opção. A educação é um campo de dificuldades e problemas, mas a despeito disso creio sinceramente que é uma das únicas (sendo a única) via real de aperfeiçoamento, crescimento, maturação e inclusão social e econômica. No Brasil, os discursos políticos sempre enaltecem o valor da educação, mas pouco ou nada fazem para realmente ajudar a melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem nacional (isso não lhes interessa. População esclarecida representa cobranças, autonomia, criticidade e maior participação política). Qual grupo/partido político brasileiro quer ser incomodado pelo povo? É melhor manter a massa na ignorância e afagar-lhes a cabeça com cestas básicas, bolsas-famílias e outros paliativos sociais ... Quanto a se questionei minha opção ... Sim, no caso quando trabalhei numa escola que adotava sistema pré-vestibular e que era conteudista, se preocupando apenas em dar aulas e não em formar os alunos do ensino médio. Além de não concordar com a sistemática e clientela, formada eminentemente por estudantes de classe média alta, era desinteressada e parecia não se preocupar com o futuro, pois seus pais já haviam conquistado algum sucesso e eles se viam como beneficiários daquele patrimônio. Foi um ano apenas, mas o suficiente para que eu pensasse em ir vender sanduíche natural e água de côco na praia ... O desgaste foi enorme e ao final daquele ano fatídico pedi demissão e fui em busca de novos ares ... (Ainda bem!).

Folha do Dia - Você tem colegas que já foram vítimas da violência física ou verbal?
João Luís - Sim. Alguns deles pediram transferência das escolas em que trabalhavam. Outros mudaram de profissão. Há também os persistentes, que desafiaram os problçemas e que tentaram continuar ...

Folha do Dia - No blog muitos professores contam suas histórias, mas não se identificam. Isto é uma forma de se proteger de possíveis vinganças de alunos?
João Luís - Pode ser. Penso também que é uma forma de não expor publicamente a sua privacidade. São casos que não deixam ninguém à vontade. Mesmo sendo as vítimas, os professores sentem vergonha e humilhaão em situações como essas. O desrespeito à integridade física e moral dos educadores brasileiros e as condições impróprias de trabalho tem afetado a auto-estima de quem trabalha em escolas.

Folha do Dia - O blog tem o poder de ajudar professores a suportarem o problema?
João Luís - Não posso afirmar isso. Creio que é uma ferramente que auxilia ao criar elementos de diálogo, troca de iséias e até mesmo para que as pessoas se sintam à vontade para expor suas feridas sem que sua privacidade seja ferida ou invadida.

Folha do Dia - O governo dá suporte para professores que já sofreram violência?
João Luís - Não tenho informações sobre o assunto. O que sei é que alguns professores agredidos conseguem transferir-se para outras escolas.

Folha do Dia - Há casos de professores que dão aos alunos mais liberdade do que o normal. Isto faz com que os alunos ultrapassem limites?
João Luís - Liberdade é uma palavra que todos conhecem, mas que poucos entendem o real significado. A incompreensão do sentido da palavra é uma conseqüência da educação capenga e deficiente que temos no país. Nossos alunos raramente são levados a pensar sobre a questão. Os professores não se preocupam com isso, apenas querem cumprir planejamentos e programas curriculares. No início de cada ano devem ser estabelecidos de comum acordo entre o professor e a turma de alunos as bases de convivência (que podem e devem ser amigáveis, mas há papéis a serem cumpridos e uma hierarquia própria do ambiente a ser respeitada). O professor tem que se impor, sem ser autoritário, e definir os planos de ação, as tarefas a serem desenvolvidas, os projetos individuais e grupais, as estratégias a serem utilizadas, a metodologia de ensino e também conhecer o conteúdo de sua disciplina. Ao fazer isso e orientar as ações, utilizando-se do diálogo como ferramente primordial nas relações que trava com os alunos, as possibilidades dos alunos ultrapassarem os limites diminuem ... Mas isso não é uma receita, afinal de contas os contextos são diferentes, as turmas variam de ano para ano e de localidade para localidade ...

* Além do blog "Escolhendo a pílula vermelha", o site Observatório da Educação dá acesso aos seguintes blogs educacionais:

* Sala de Aula do Observatório
* Observatório da Educação
* Tech Educação
* Ciência, Eficiência e Consciência
* O Mundo dos Números
* O Mundo em Reconstrução
* Vídeos Nota 10
* Opinião de Educador
* Cinema de Primeira
* Gargalhadas Mil

João Luís Almeida Machado é editor do portal Planeta Educação; Doutorando pela PUC-SP no programa Educação: Currículo; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); professor Universitário e Pesquisador